Mais favela, menos lixo: projeto de Escola Municipal mineira, em parceria com a UFMG, ganha prêmio internacional

Mais favela, menos lixo: projeto de Escola Municipal mineira, em parceria com a UFMG, ganha prêmio internacional

Ação, que tem apoio Fundep, busca soluções para o problema do descarte irregular de lixo. Na fase final, unidade de ensino concorreu com outras 15 escolas de diferentes países.

A Escola Municipal Professor Edson Pisani, da Prefeitura de Belo Horizonte, venceu o Prêmio Melhores Escolas do Mundo, promovido pela organização global T4 Education, na categoria Escolha da Comunidade. A unidade de ensino, localizada no Aglomerado da Serra, foi reconhecida pelo projeto Mais favela, menos lixo, que tem o objetivo de debater com a comunidade os problemas causados pelo lixo na área. Outra escola brasileira, localizada em Carnaubal (CE), também venceu o prêmio, na categoria Apoiando Vidas Saudáveis.

Em sua segunda edição, é a primeira vez que escolas públicas brasileiras estão entre as vencedoras do prêmio. Na fase final, a escola mineira concorreu com outras 15 instituições de todo o mundo e, agora, passa a integrar o novo programa da T4 Education, o Best School to Work, criado para dar suporte e certificar escolas por iniciativas de impacto positivo para a sociedade.

O projeto que recebeu destaque internacional integra parceria entre a comunidade do Aglomerado da Serra e a Escola de Arquitetura da UFMG. De acordo com Pedro Arles, estudante de Arquitetura e integrante do projeto, o reconhecimento reforça o trabalho contínuo desenvolvido pelas professoras junto à escola e à população, “por serem referência na comunidade e fomentarem nos alunos a capacidade de serem eles os agentes de transformação. Além disso, para nós da UFMG, poder fazer parte do projeto é uma honra, podendo exercer, na prática, os princípios de gestão popular do espaço”.

Apoio Fundep viabiliza iniciativa

Pedro Arles ressalta que a Fundep teve um papel importante no desenvolvimento do projeto, viabilizando a instalação de ganchos de rede e placas de identificação nas casas. “A ideia é simples: retiramos o lixo do chão enquanto aguardamos a coleta do caminhão de lixo. Para isso, estudamos as rotas de coleta e instalamos ganchos e placas de identificação em cada casa. Assim, o lixo fica suspenso, evitando ser rasgado por animais ou levado pela chuva. Por meio da Fundação, estamos realizando essa operação para mais de 385 famílias”, completa.

A parceria entre Escola e Universidade é antiga: a primeira colaboração foi firmada em 2014, com o Projeto Águas na Cidade, que buscou compreender e mapear os diferentes pontos de água natural do Aglomerado, a fim de pensar alternativas para preservação que se aproximasse a realidade dos moradores da região.

Outro projeto de destaque, que foi desenvolvido em 2018, foi o de implantação de uma linha de ônibus, com uma tarifa menor, para possibilitar os moradores da região que não tem carro se locomoverem com maior facilidade.

Mais favela, menos lixo

A iniciativa surgiu em 2022, a partir de uma demanda dos próprios alunos da escola com o retorno das aulas presenciais, após a pandemia de covid-19. “O tema ‘lixo’ foi escolhido pelos alunos e professoras da escola como eixo transversal das atividades escolares. Com os anos pandêmicos, que diminuíram o fluxo de alunos na escola, os muros no local viraram um ponto de acúmulo de lixo”, ressalta o estudante de arquitetura.

Após a escolha do tema, representantes da instituição convidaram alunos e professores de Arquitetura da Universidade para somar ao projeto. “As atividades realizadas nessa parceria mais recente estão vinculadas ao manejo dos resíduos sólidos produzidos no Aglomerado da Serra. Somos norteados por três princípios: a autogestão territorial, a acomodação dos impactos negativos da atividade humana no local de sua geração e diminuição do fluxo de produtos e embalagens nocivos ao meio ambiente ou à saúde pública”, completa.

Com os princípios traçados, a equipe da Escola de Arquitetura juntamente com alunos de 6 a 10 anos do turno integrado, e estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na faixa etária entre 15 e 70 anos, uniram-se para propor as seguintes soluções:

Confecção e instalação gratuita para os moradores de placas ganchos/porta lixo. Essa estrutura é afixada em cada imóvel, com identificação do número da casa, para evitar que o lixo doméstico seja colocado em locais inapropriados e forme lixões;

Criação de jardins em locais usados, anteriormente, para descarte irregular de lixo. A ação é acompanhada da instalação de lixeiras e conscientização dos moradores;

Entulho das obras de construção passaram a ser usados para a fabricação de mini gabiões – estruturas de contenção composta por elementos metálicos – para a estabilização de terrenos na própria comunidade.

Conheça mais sobre o projeto aqui.

Prêmio Melhores Escolas do Mundo

O Prêmio Melhores Escolas do Mundo foi criado em 2022. É uma iniciativa da plataforma britânica T4 Education, com apoio de três instituições: Fundação Lemann, Accenture, American Express e Yayasan Hasanah. Esse é a primeira vez que escolas públicas brasileiras estão entre as vencedoras. Além das duas escolas brasileiras, instituições de ensino de outros quatro países foram agraciadas com o prêmio. São elas: Institución Educativa Municipal Montessori (Colômbia), na categoria Ação Ambiental; Riverside School (Índia), na categoria Inovação; a Max Rayane Hand in Hand Jerusalem School (Israel), na categoria Superação de Adversidades; e a Spark Soweto (África do Sul), na categoria Colaboração Comunitária.

 

https://fundep.ufmg.br/noticias/111

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